Sonhos lúcidos

Quando um sonho é bom, não queremos acordar na melhor parte. Se isso acontece, tentamos dormir novamente na esperança de voltar para a parte onde paramos. Por outro lado, quando estamos em um pesadelo, nosso desejo é de acordar e acabar de vez com toda aquela aflição.
Não sei bem se estou certo, mas creio que faça parte de um pequeno grupo no qual as pessoas têm controle sobre seus sonhos, na maioria das vezes. E se acordam em uma determinada parte, conseguem dormir novamente e voltar para o mesmo sonho com facilidade. Estranho e difícil de acreditar, mas é verdade. E nunca parei pra perguntar isso pra alguém, mas sei que provavelmente eu não seja o único a conseguir realizar tais proezas. Lembrar dos sonhos que temos pode ser complicado. Se o sonho foi bom, aí tudo bem, tudo legal. Mas, e se foi ruim? Poxa, aí ninguém faz questão de lembrar.  Tentarei descrever a parte mais estranha de um “sonho pesadelo” que tive, um dia desses.  O texto é longo, portanto se você não tem muita paciência é melhor parar por aqui.

Era uma espécie de floresta. Tudo parecia familiar e mesmo assim não conseguia gostar daquele lugar. Era sombrio. Depois de muito caminhar, percebo a presença de alguns animais por ali. Leões e algumas leoas com seus filhotes.  Mas o que eu estaria fazendo naquele lugar? Também gostaria de saber. De repente, encontro-me com dois amigos. Pareciam estar perdidos também. Agora, nós três buscávamos uma forma de voltar pra casa, procurando o caminho que nos levaria até a saída daquele local. Não demora muito e nos deparamos com um penhasco. Lá embaixo, a tão sonhada saída. Ao mesmo tempo em que me alegrei por ter encontrado o caminho, sentia tristeza por ser em um penhasco. A decisão tomada por mim em um ato de desespero foi descer por ali mesmo, já que não tínhamos opções e também não me parecia muito perigoso. No máximo, braços e pernas quebradas. Mas, quem se importa? Era a saída. Estava a postos, preparado para pular, quando avistei alguém do outro lado, não muito distante. Um zelador, talvez. Tento voltar, já que, provavelmente, ele poderia nos informar sobre a saída. Nesse momento, por algum motivo, perco o equilíbrio e me vejo caindo. O tal penhasco parecia não acabar nunca.

Estava prestes a me esborrachar no chão quando acordei. Embora eu soubesse que se tratava de um sonho apenas, fiquei apavorado. Sentia o coração batendo rápido. Estava um pouco decepcionado também. Ou melhor, triste. Isso porque antes da queda, pedi ajuda ao meu amigo que estava mais próximo e fui totalmente ignorado. Claro, um sentimento normal já que ele se dizia meu amigo. Pouco tempo pensando nisso e novamente consigo dormir. Quando me dei conta, estava no topo de um prédio. Aquilo me lembrava uma cena do filme “Vanilla Sky”, não sei por quê. Observando o local, consigo avistar vários outros prédios e a cidade bem abaixo. Em um dos prédios vejo uma freira e, ao seu lado, duas garotas ao estilo colegial. Não consigo decifrar seus rostos. A freira estava ajoelhada, rezando provavelmente. Enquanto isso, a garota do lado direito acariciava os seios da garota que estava ao lado esquerdo. Bizarro.

Como num piscar de olhos, retornei para a cena onde a tragédia aconteceu. De cima do penhasco avistei meu amigo, que se negou a me ajudar, chorando ao lado de um corpo. Após fixar bem o olhar na tentativa de ver o que estava acontecendo lá embaixo, uma pessoa misteriosa, cujo rosto eu não consegui reconhecer novamente, aparece ao meu lado e diz: - Eles não conseguem te ver. Vou até o local e, para minha surpresa, vejo que o corpo no chão era o meu. Estava morto. Aquilo me assustara demais. Acordei rapidamente, sentindo uma dor no peito. Estava deprimido. Mas não sei se estava sentido toda aquela tristeza por saber que tinha morrido ou por saber que um amigo recusou-se a me ajudar.