mas aquelas frases lançadas ao vento da poesia
não costumam me decepcionar.
Gostaria que minhas idéias não se trancassem no quarto
de vez em quando, como garotas rebeldes que não foram ao
baile
não por falta de um par, mas pela proteção desmedida dos
pais.
Ao contrário dessa situação, de assalto a criatividade me
toma
semelhante ao cardume inesperado pelo pescador jaz em
tristeza
e, como resultado, vão-se quase todas, e as melhores, pois
que não estou
munido da rede e outros itens que poderiam apanhar toda a
sorte da espécie
em abundância.
O quão difícil se tornou a minha convivência com toda uma
humanidade
pois acabei infectado pelo comodismo alheio e a despretensiosa
atitude
de deixar tudo para depois, e o depois aparece e eu não
estou mais lá.
Um sorriso ilumina a minha visão, levando embora a
escuridão da minha realidade
transportando-me para um plano etéreo, no qual as
palavras
mostram-se agradáveis e possuem um sabor doce demais para
o meu paladar.
Deixe-me voltar, ó sensação passageira de um porvir imaculado,
para o meu mundo
onde a morte entristece, onde as feridas doem e cicatrizam,
onde a tragédia é acompanhada
de camarote através da caixa eletrônica destruidora de
cérebros e olhos que dizem:
“ainda bem que não aconteceu comigo. Antes ele do que eu”.
A nescidade do mundo é a tinta para a minha folha em
branco.