quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Súplica

Minha libertação ocorre através da palavra escrita
mas aquelas frases lançadas ao vento da poesia
não costumam me decepcionar.
Gostaria que minhas idéias não se trancassem no quarto
de vez em quando, como garotas rebeldes que não foram ao baile
não por falta de um par, mas pela proteção desmedida dos pais.
Ao contrário dessa situação, de assalto a criatividade me toma
semelhante ao cardume inesperado pelo pescador jaz em tristeza
e, como resultado, vão-se quase todas, e as melhores, pois que não estou
munido da rede e outros itens que poderiam apanhar toda a sorte da espécie
em abundância.
O quão difícil se tornou a minha convivência com toda uma humanidade
pois acabei infectado pelo comodismo alheio e a despretensiosa atitude
de deixar tudo para depois, e o depois aparece e eu não estou mais lá.
Um sorriso ilumina a minha visão, levando embora a escuridão da minha realidade
transportando-me para um plano etéreo, no qual as palavras
mostram-se agradáveis e possuem um sabor doce demais para o meu paladar.
Deixe-me voltar, ó sensação passageira de um porvir imaculado, para o meu mundo
onde a morte entristece, onde as feridas doem e cicatrizam, onde a tragédia é acompanhada
de camarote através da caixa eletrônica destruidora de cérebros e olhos que dizem:
“ainda bem que não aconteceu comigo. Antes ele do que eu”.
A nescidade do mundo é a tinta para a minha folha em branco.

2 comentários:

  1. Quanto tempo nnão venho aqui...a correria da vida adulta às vezes nos afastam de coisas e pessoas que gostamos. Eu por exemplo nunca mais toquei violão e nunca mais li seus textos tão profundos. Mas cá estou. Passando por fase semelhante a sua, mas minha libertação só vejo na morte. E me irrita muito quando me dizem: olha pra trás, tem tanta gente puor que vc.... tipo... esperem mesmo que eu me conforte sabendo que tem gente pior que eu? Será que só eu acho essa frase horrível? Rs eu não entendo muito bem a maioria das pessoas, mas acho que entendo um pouco você.
    Grande abraço
    Nelly Maionese

    ResponderExcluir
  2. Sua visita muito me é importante, pois ao citar que nunca mais tocou violão, citou também que há muito não lia meus escritos. Amável, pois sei que o violão e você são como se fosse apenas um; estar na lista das muitas coisas que você aprecia é, sem dúvida, muito gratificante.
    E não fico surpreso por você se identificar com o que eu escrevo (ou escrevi), pois temos uma similaridade apesar de tudo e todos que fazem nossas vidas bem diferentes. E o que seria? Uma certa insatisfação com o nosso mundo atual? Interno, por que não ousar? Não vou citar, essa é uma pista e tanto para quem quer que esteja do lado de fora possa começar uma investigação. Mesmo distante e após um longo hiato sem trocarmos palavras, saiba que guardo a suavidade de sua pessoa comigo, aonde quer que eu vá ou esteja. Forte abraço.

    ResponderExcluir